domingo, agosto 31, 2008

O Vaso Chinês


Ainda em pausa, não resistimos a colocar um post sobre um mail fantástico que recebemos de uma Alcateia muito especial. Gostámos muito deste conto. Obrigado amiga.




Conto do Vaso Chinês
Uma velha senhora chinesa possuía dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.
Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito.


Este último estava sempre cheio de água ao fim da longa caminhada do rio até casa, enquanto o rachado chegava meio vazio. Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água. Naturalmente o vaso perfeito era muito orgulhoso do próprio resultado e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer. Depois de dois anos, reflectindo sobre a própria amarga derrota de ser 'rachado', o vaso falou com a senhora durante o caminho: "Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que eu tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até a sua casa..."
A velhinha sorriu: "Reparaste que lindas flores há somente do teu lado do caminho? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto a gente voltava, tu regava-las. Durante dois anos pude recolher aquelas belíssimas flores para enfeitar a mesa. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa. Cada um de nós tem o seu próprio defeito. Mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante. É preciso aceitar cada um pelo que é... E descobrir o que há de bom nele."

Lembre-se de regar as flores do seu lado do caminho...

terça-feira, agosto 12, 2008

PAUSA

Um grande obrigado para aqui. Realizaste uma capa, maravilhosamente, doce. Melhor não podia pedir.
A quem já encomendou, um grande obrigado.
Em Setembro receberão. A quem encomendar, um grande obrigado também.
Por aqui, uma pausa nos nossos relatos.
Estamos felizes e a trabalhar muito como sempre. Quis Deus que a vida deste miúdo e a nossa fosse assim. Há muito que aceitamos e queremos desempenhar o melhor possível o nosso papel, mesmo sabendo que não somos perfeitos.
Queremos escrever um dia um "final" muito feliz. Queremos somar, ao alcançar dos nossos objetivos mais óbvios, um menino feliz, cheio de alegria e de vontade de batalhar. Uma família tão orgulhosa como até agora.
Deus nos ajude neste nosso caminho.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Medos de adulto

A nossa vida não tem sido monótona. Antes tivesse sido. Mas não.

Em tantas alturas colocaram-se decisões difíceis. Em tantas alturas receei passos maiores do que a perna. Mas a reação do JP ,e muito provavelmente de qualquer criança, é realmente fantástica. Tem superado os desafios, melhor do que eu.

É, psicologicamente, muito forte.

Mas tem pontos fracos. Como todos nós. Os dele são as agitações, os barulhos demasiadamente estridentes.

Esta manhã queria ir para a fisioterapia novamente. Disse-lhe que não era altura e perguntei-lhe porque queria tanto ele fazer fisioterapia. Gostava muito da atenção que lhe davam ?

JP -Não

Mammy:"-Então ? Queres ficar melhor ?"

JP - iiimmm (Sim)

Talvez tenha julgado mal. lol

terça-feira, agosto 05, 2008

O que é demais, sempre desconfiamos

O JP e a sua enorme vontade de trilhar o seu próprio caminho.

Balança entre a enorme satisfação de trabalhar e uma preguiça que convenientemente alia ao seu charme, para apelar ao nosso coração.

Ultimamente só quer trabalhar. Não quer ir para a escola.
Só quer trabalhar, trabalhar.
E fico desconfiada.
É mesmo de trabalhar que ele gosta ou é da atenção exclusiva da parte de um adulto, que esse trabalho implica ?

Ando desconfiada que é o segundo e se assim for, se lhe faz bem por um lado, faz-lhe menos bem por outro, pois atenção é algo nunca lhe faltou e ele ainda a requer em doses industriais !
Como em quase tudo na vida, não há bela sem senão.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Grandes Reflexões no fim do ano lectivo 07/08

Fim do ano letivo. Altura de mais balanços. De algumas mexidas. Do preparar um novo ano letivo. O JP está bem integrado no grupinho da escola. E com ele vai continuar. São estes os seus atuais amiguinhos que tão importantes são para ele. É também por eles que o JP trabalha, com tanto afinco, nas suas terapias, que o fazem sentir tão integrado e com grande alegria de brincar e aprender. Tenho acreditado que esta pressão do grupo de amigos tem tido uma influência muito positiva no JP pois ele é muito social. Porém, não ficará mais manhãs na escolinha. Não vamos abdicar de continuar a apostar forte na sua reabilitação motora- o seu grande ponto fraco. Não poderemos abdicar também da Comunicação Aumentativa. Recebemos um relatório dizendo que está motivado, empenhado, evoluiu muitíssimo este ano depois de eu passar a acompanhá-lo. Refere ainda que vale a pena investir no seu potencial. E na Gulbenkian têm larga experiência neste tipo de casos. Apesar dele vocalizar cada vez mais, de já dizer um bom número de palavras (muito mal pronunciadas!), queremos desenvolver a sua comunicação aos mais diversos níveis.

Depois de ponderar um bocadinho, percebemos que: - Queremos um menino o mais equilibrado que for possível. Por isso apostamos com maior força nos pontos mais fracos. No motor. Fiquei feliz também com o convite da terapeuta ocupacional do JP, pedindo para autorizar o estudo do caso do JP numa faculdade em Nova Iorque onde vai tirar uma especialização num método inovador. Serão diversas pessoas habilitadas, estudando, debatendo e verificando os seus progressos que têm sido, desde o inicio da intervenção, muito satisfatórios. Referem sempre que apesar das enormes dificuldades físicas e neurológicas, a sua vontade surpreende e ajuda-o a ultrapassar etapas com relativa rapidez. Este ano temos, na praia, um menino diferente dos anos anteriores. Muito mais ativo, mexido, brincando melhor sozinho, tudo dentro das suas, ainda enormes, limitações. Mas continuo a acreditar que não existem limites para o JP.

É, com prazer, que vemos cada vez mais frutos do nosso trabalho. Por ele tudo vale a pena. É um amor muito grande. Uma grande vontade de viver só para ser sua mãe. Para o amar muito, sempre.