Não sou uma pessoa pessimista. Será possível, perante toda adversidade da minha vida, eu me achar uma pessoa com sorte? Mas é assim. Eu dou graças, nem sei bem a quem, porque ainda não consegui fazer as pazes com Deus pela minha vida. E pela minha família, amigos, realizações... Mas o tempo que apanho em férias é sempre o mesmo: muito mau e também fica sempre bom no dia de voltar para casa. Por isso, se não quiserem tirar férias com mau tempo, perguntem-me quando vou! OK, digo já, este ano vou na segunda quinzena do próximo mês. Não tirem férias nessa altura!
Mas tirando esta parte, que para mim não foi de grande importância, as férias foram exatamente como pretendia: calmas, tranquilas, reparadoras e 'enchi-me' do meu pequenino que está cada dia que passa mais fascinante. O mundo está cheio de objetos, pessoas, atividades engraçadas e ele não quer perder pitada. Por isso dou comigo a pensar no que ele já faria se pudesse andar... Grande erro! Na verdade, às vezes apercebo-me do longo caminho que ele ainda tem pela frente... As aquisições demoram a aparecer, que quando aparecem nem dou por elas! A caminhada vislumbra-se longa, por isso mantenho o passo constante e contorno os obstáculos. Começo a pensar que o caminho é tão interessante, quanto o objetivo.
Algo mais que estas férias me trouxeram foram convicções sobre a educação do meu JP. Ainda me dividia entre poupá-lo ao máximo às frustrações ou deixá-lo encarar as mesmas. Optei pela segunda via. Sempre soube que o devia educar como todos as outras crianças, sem distinção, mas perante a possibilidade de vê-lo sofrer ao se aperceber de algumas limitações ainda existentes, eu receava. Agora acredito que ele deverá ser exposto ao que tiver de ser, embora ainda pondere atenuá-las ligeiramente... As crianças têm formas muito positivas de encarar as dificuldades. E eu estarei ao seu lado para o acompanhar na caminhada e o motivar.
Hoje começa a nossa deliciosa rotina e voltei cheia de vontade de recomeçá-la. Venha a natação, a fisioterapia, a hipoterapia e os minutos ao final do dia juntos, a sós, a deliciarmo-nos um do outro e com o papá. Venham os habituais problemas para solucionar no trabalho, soluções engenhosas ou improvisadas e arriscadas... estou novamente pronta!
Adenda: não me considero uma mãe coragem. A coragem que tenho 'teve' de ser arranjada. Perante as dificuldades, ou enfiamos a cabeça na areia ou as enfrentamos de frente. Eu optei por encarar e expor a nossa história porque eu acho-a diferente e deliciosa. É também encorajador derrubar tabus relacionados com mães de meninos diferentes. Perante o que a vida nos oferece, podemos retirar experiências maravilhosas, cheias de emoção e gratificação. Mas agradeço muito a quem me considera uma "mãe coragem". Obrigada pela admiração. Não vou contestar, mas de facto não me sinto merecedora de tal título. Acredito que muitas de vós teriam atitudes como a minha, caso se viessem a ser confrontadas com problemas semelhantes.