quinta-feira, abril 18, 2013

Falar com os filhos...mesmo com os que não falam

Amanhã vou falar sobre a experiência da comunicação aumentativa com o JP, no Hospital Garcia da Orta. 

Ao preparar a apresentação tive de refletir sobre o enorme caminho, até agora. Mas apesar da imensa dor que já vivenciei, a verdade é que, de certa forma, eu sei que esta nossa vida é bonita do jeito, exatamente, como ela é. 

Eu gostaria que o JP verbalizasse, mas ele não o faz. Ponto final. 
Mas todos os dias me "conta" coisas e às vezes até tenho mesmo de "cortar" a conversa. 
Demorei imenso a aprender que apesar de injusto (porque naturalmente já tem muitas !) , o JP, também tem de aceitar as frustrações comunicativas, porque as frustrações fazem parte da vida e na escola e nos outros lugares, ele não tem os pais, sempre dispostos a ir até á última. 
Encontrar o equilíbrio entre não magoá-lo com frustrações (porque, naturalmente, já tem muitas !) e deixá-lo vivenciar a realidade, é uma tarefa dura para qualquer pai e mãe. 
Ainda o é mais para os pais de meninos com necessidades educativas especiais.

É ao jantar e ao pequeno almoço que o JP mais gosta de conversar.  
E fá-lo com tanto entusiasmo como, por vezes, nem vejo outros meninos fazerem. 
Sei que há coisas que ainda ficam por dizer. Mas diz-nos muito mais do que se poderia pensar para um menino que não fala. Conta coisas nossas na escola e coisas das pessoas da escola em casa. 
Até lhe chamamos "a velha que sabe tudo" porque é "alcoviteiro".

Recordando os dias após o nascimento dele, só penso que Deus me deu aquilo que eu tanto queria.
Não pedi muito. 
Queria que o meu filho sentisse, tivesse consciência, soubesse rir e chorar. E tive isso e mais. Tem um sorriso lindo e inspirador.
Todo ele é amor e carinho. E teve em quantidade obscenas. 
Talvez por causa disso, o seu comportamento (não o desempenho) escolar, está longe de ser exemplar. 
Nunca é fácil admitir que o superprotegi, mas é lógico que o fiz. Infelizmente. Agora lamento.

Mas ele é um super-herói desta vida e uma inspiração que me dá muita força. É um orgulho para mim.



5 comentários:

Mãe Sisa disse...

Adorei este post.
Além da partilha pessoal que aqui fazes e que eu bem compreendo, gostei muito das "dicas" para os pais, porque muitos (infelizmente) se esquecem desses pormenores...
Beijinhos aos 4 ;)

AH! Já recebi, mas ainda não fui buscar (amanhã tem mesmo de ser pq é o último dia!)

Mina disse...

E tu também vales a pena (retirado do teu post), e não são precisas palavras , para se sentir e comunicar, transparecem no olhar e encontram-se formas de dialogar :)

Beijinhos

Helena Barreta disse...

Entrar aqui e ver esta cara linda é tão bom. Que lindos olhos, JP e o sorriso, aberto, franco.

Bom fim de semana

Um beijinho a todos

Grilinha disse...

Mãe Sisa, para além do P., pai do JP, não me recordo de ninguém que possa de facto compreender tão bem este post. Há aqui possivelmente coisas que podem ser mal interpretadas ou cruéis por quem não vivencia esta realidade. Mas eu bem sei que tu a compreendes ! Beijinhos a todos, incluindo o Buddy !

Mina, o importante é que a comunicação funcione. No caso do JP é com símbolos ou com o computador. Mas ele faz passar a ideia. Isso vale ouro. Se não fosse assim, que fosse de outra maneira, o importante é nos entendermos e não ficar nada por dizer. Beijinho grande

Helena, o sorriso dos nossos meninos dão-nos muita força para enfrentar o nosso dia-a-dia que pode ser verdadeiramente difícil, não é ? Um abraço grande, grande !!!

Anónimo disse...

O mais fascinante no JP è que ele fala atravès do olhar, já para não falar que tem dos sorrisos mais lindos e felizes que já vi. :) beijinhos
Katy Pinto