quarta-feira, setembro 26, 2012

Primeiro filho, Segundo filho

Oiço constantemente as pessoas referirem que educam os filhos da mesma maneira. Eu evidentemente não consigo.
Com o JP foi uma coisa e com o Rafael é outra. Porque eles são diferentes e têm necessidades diferentes. Acho que apenas confio nos meus instintos e espero que estejam correctos. Quando o JP nasceu, eu queria tê-lo sempre ao colo. Adorava o seu calor e cheirinho...passava horas a olhar para ele, a acariciá-lo e massajá-lo. Lia-lhe imenso, passava o dia em casa, sem me aborrecer. A rir e a estimular. Só nós dois.
O JP era um bebé que chorava com facilidade. Teve muitas cólicas,  só estava bem ao colo, adorava adormecer assim. Diziam-me que o iria estragar com mimos...e se calhar até teriam razão, mas eu sentia-me nas nuvens. Ele era sorridente e de gargalhada fácil também. Com o passar dos meses tornou-se muito mais independente. Desabrochou. Tal como o Rafael gostava de  "brincar e gozar" e mostrava ter já uma personalidade cheia de garra e muito teimosa.
O Rafael é um bebé com necessidades muito diferentes. Sempre nos acompanhou a todo o lado, desde as primeiras semanas de vida. Gosta de conhecer pessoas e encantá-las com gracinhas. Odeia estar todo o dia em casa. Nunca mostrou um apego ao colo. Nem consegue adormecer assim. Mas gosta de festinhas, beijinhos e já os dá voluntariamente, principalmente ao JP.
A nossa relação é muito menos intensa mas nem por isso gosto menos dele. Não, não, mesmo ! Não tem menos amor. Tem mais, porque tem o amor do mano também. Terá talvez menos disponibilidade mas só isso.
Apesar de não devermos fazer grandes planos para os nossos filhos, espero conseguir educá-lo para ser um menino às direitas, grande amigo e companheiro do mano. Alguém sensível aos problemas que vê e que quer intervir.
Quando soube que o nosso primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, era também ele irmão mais novo de um paralisado cerebral, tive algumas esperanças. A sua actual esposa é também alguém ligada a esse mundo, visto que é fisioterapeuta. 
Em todos os discursos ele se dirige também aos cidadãos com deficiência. Esteve na cerimónia de abertura dos paralimpicos. Pousou ao lado deles...mas e medidas ? Inclusão nas escolas ? Produtos de apoio ? Porque está cada vez mais difícil, cada vez vemos mais desigualdades e injustiças, tudo em nome cumprimento das metas da Troika ? 
Vejo os pais, vejo-me a mim, a sofrer todos os anos, o desgaste, a comprometerem os empregos, a sua estabilidade emocional por causa dos atrasos na colocação dos filhos nas escolas e parece que ninguém vê isto. Vejo pais cansados demais para protestar. Outros que fazem barulho suficiente por todos os outros mas que se vêem obrigados e expôr-se mesmo não desejando...e a desgastarem-se, em nome de condições para os filhos. Porque pelos filhos, o que não fazemos ?

Deixo um mail da Assembleia da República para quem está nesta situação poder relatar a sua situação. Denunciem todas as situações de discriminaçao como não ser aceite em ATL ou CAF, problemas na escola , etc. 
Comissao.8A-      mail:     CECCXII@ar.parlamento.pt

Prometo aos meus dois filhos, (que apesar de termos dias mais difíceis), mostrar que nunca se desiste. 
Dou o meu exemplo. Mesmo que não consiga, luto pelo que acredito, sempre ! 


4 comentários:

Maria do Mundo disse...

A minha relação com as minhas filhas também foi diferente. Devido ao problema da Guerreira (mais nova) liguei-me muito mais a ela, embora em termos de cuidados físicos tivesse sido muito mais obcecada com a Flor, a primeira. Mas amo-as com a mesma intensidade.
Quanto ao resto, desistir nunca!

Mina disse...

O amor não tem medida!
A necessidade e a intervenção é que tem de ser necessáriamente diferentes.
Chegamos a ter algum sentimento de "culpa", em não conseguir acompanhar da mesma forma os nossos filhos que tem menos dificuldades.
beijinhos

Mara disse...

Eu acho que nunca educamos da mesma maneira os filhos. No meu caso com 1º é tudo novidade, estava insegura, e o meu mundo girava à volta dele. No 2º já temos alguma experiência mas muito menos disponibilidade. E quando se tem um filho com necessidades especiais como os nossos temos que voltar à escola e vencer medos e inseguranças, e tentamos que eles sejam e tenham as mesmas condições e oportunidades que os outros... Continuamos sempre a cometer erros. Mas ser pai não é ser perfeito, o que interessa é o amor que lhes temos, porque o nosso coração tem sempre espaço para mais um filho. E nós não é para nos gabar temos uns filhos lindos :)
Bjs grandes

Grilinha disse...

Mina, conheço esse sentimento de "culpa"....siiiiiiiiiim...bjs

Mara, se temos filhos lindos ? Os mais lindos do mundo. Os teus 3 então são os mais sérios concorrentes dos meus aqui no concelho do Seixal !!! Qual deles o mais lindo ??? Bjs