segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Coisas que nunca contei I

Quem me conhece sabe como eu gosto de olhar para a frente e ser positiva.

Nunca na gravidez do Rafael perdi tempo a pensar nos cenários menos positivos. Acho que, depois de ter nascido o Pedro, programei, na minha mente, que ter filhos tem sempre um grande risco e esses infortúnios podem vir em diferentes alturas da vida deles. Passei a viver com menos medo e a aceitar melhor o destino. Pelos menos em teoria.
O Rafael nasceu por cesariana numa quinta feira à noite, com excelente APGAR e no Sábado de manhã,  fui dar-lhe o primeiro banho ao berçário da Clínica de Santo António. Disseram-me que a pediatra iria fazer, nessa altura, um exame mais completo.
O meu coração gelou e toda a força foi sugada, assim de repente, das minhas pernas, do meu corpo, da minha mente. Não consegui dar o banho, tremi, pedi desculpa à enfermeira, estava nervosa e ansiosa e ela, assustada de me ver tão pálida, encaminhou-me para o quarto. Pelo caminho ainda tive de me sentar, pois estava quase a desmaiar de pânico.

Não dei aquele primeiro banho e as lágrimas escorriam pela minha face sem parar. Meia hora mais tarde vieram ao quarto dizer-me que o exame da pediatra tinha determinado que o Rafael estava óptimo. Perfeito. Eu também estava a recuperar lindamente e poderia ir para casa naquele mesmo dia. Acabei por decidir sair só no Domingo. Aquele episódio de medo e pânico arrasou comigo. Já me tinham descansado e as lágrimas continuavam a escorrer.
Foi um momento genuíno de fraqueza. Durou um par de horas.  Mas fui forte o tempo todo. 
No fundo tive direito a ele.


1 comentário:

Helena Barreta disse...

Mulher valente!

Um abraço