Das muitas e preciosas conversas que tive com o JP durante as férias, as mais marcantes foram também as mais delicadas.
As perguntas foram incisivas.
Como foi a nossa reação ao saber que ele tinha paralisia cerebral ? O que esperávamos dele ? Gostaríamos que tivesse sido diferente ? O que seria do futuro dele ?
No início, quando era bebé, sem dúvida, que queria algo diferente para a vida dele. Não queria que tivesse limitações.
Lutámos muito, em termos de fisioterapia e não só, para que pudesse evoluir da melhor maneira a nível físico e também intelectual.
O percurso pessoal de uma pessoa com deficiência não é um mar de rosas e é tudo menos fácil.
Que pais querem uma vida mais complicada para o seu filho ? E foi mesmo essa a principal razão que me fazia querer mudar o rumo dos acontecimentos.
Medo que no futuro ele sofresse pela sua condição.
Foi a reação do meu nível de consciência daquela altura. Medo. E o medo, fez-me lutar muito.
Com o passar do tempo, comecei a entender que tudo na nossa vida tem um propósito e uma razão de ser. E a aceitação começou a tomar lugar. Com essa tomada de consciência, fiquei com uma tão gigante paz no meu coração que já muito menos coisas, me metem medo.
E é tão libertadora, essa sensação ! Conseguir agradecer ao universo, todo este percurso de vida , em vez de estar zangada.
Haja saúde. Com saúde fazemos a prosperidade que nos ajuda a ultrapassar alguns obstáculos.
Agora, há que ensinar, também, o meu amor maior a aceitar-se também e a descobrir que a sua existência é preciosa. Uma existência de AMOR.
Confiar em si, confiar no universo e nos seus caminhos cheios de ensinamentos e bondade e não ter medo.
Quem sabe descobrir o seu sentido de missão terrena, aquilo que o fará acordar entusiasmado todos os dias ?
E como tantos outros de nós, fazer um percurso de todos os dias tornar-se a sua melhor versão ?
Aquilo que lhe mostro e que realmente sinto é que estou serena em relação ao caminho dele.
A partir do momento em que ele encontrar a paz e aceitar-se, sinto que ninguém o parará. Descobrirá que não veio ao mundo nesta condição por acaso e que o seu papel se não for importante para mais ninguém, já o é para a nossa família.