quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Mais uma reflexão sobre a maternidade

Sei que nem todos os pais reagem da mesma forma ao "receberem" um filho muito diferente do idealizado. Demorei o meu tempo a perceber que não era um pesadelo que vivia, mas sim, uma história de amor, especial, mas como milhares que há por aí.
Depois de integrar esse pensamento na minha vida, comecei a admirar cada vez mais o meu filho e a perceber a lição que ele é na minha vida. Lembro-me das frustrações do bebé JP com 2,5 meses a brincar com os ginásios de bebés, demorar para conseguir esticar os braços, pôr finalmente a música a tocar e depois sentir-se vitorioso. Desde aí, achei que ele ia ter uma personalidade forte.
Não me enganei. Se tem. Um "nariz empinado" a roçar a má-criação, demasiadas vezes. Está a ser educado com regras firmes, pois não queremos um menino mimado que não respeita quem deve.
Mas hoje admiro cada progresso seu, por mais pequeno que seja. Não há muitos planos certos, mas estamos aqui para lutar ao seu lado e fazer dele um miúdo lutador e feliz.
Quando me disseram por altura do nascimento, que os meninos deficientes podiam dar muitas alegrias aos seus pais, achei que estavam apenas a tentar tranquilizar-me. Hoje que aprendi a ser mãe (porque não é imediato) , aprendi a amar incondicionalmente, entendo finalmente o que me disseram.
Aproveitámos este fim de semana comprido para fazer atividades em família e o JP esteve sempre feliz e eufórico, vibrando com cada experiência.
Meninos, com paralisia cerebral, são muitas vezes assustadiços, têm medo de barulhos fortes e de experiências desconhecidas. Ele já foi assim e foi deixando de ser com o tempo. Hoje é cada vez mais destemido, não se importa se rebentar um balão junto ao seu ouvido, é o primeiro a querer aventurar-se numa experiência nova, participa, com interesse, nas atividades da escolinha e vai absorvendo o mundo. Aprendendo à sua maneira. Para construir o JP- Um menino único. Muito especial, pelo menos para a sua família e amigos.

7 comentários:

Mocas disse...

no geral acho que a maternidade é mesmo assim como dizes, "uma coisa a construir-se" sempre e sempre.

Mas o que quero reter é esta tua maravilhosa frase: "Demorei o meu tempo a perceber que não era um pesadelo que vivia, mas sim, uma história de amor, especial, mas como milhares que há por aí"

Para um menino especial como o JP, só poderia "construir-se" uma mãe especial como tu :)

Paulinha disse...

E que mãe!!!

Lembro-me que uma das coisa que pensei (após o "choque" inevitável da notícia trazida desumanamente) foi que se ele (o meu filho) foi posto no meu caminho é porque Alguém acredita que eu sou capaz, esse pensamento deu-me a força necessária até ver nos olhinhos dele, o esforço e o amor espelhado de ambos!

Acredito que seja assim, somos mães especiais para os nossos filhos especialíssimos...

Grande Mãe... um abraço!

Dulce Bregas disse...

É nisso que me agarro,que fui escolhida para ser mãe de um ser especial.Pois até há pouco sentia-me demasiadamente igual a toda a gente.Hoje sou especial,nós os 4 somos uma família renovada e muito rica de afecto,e entrega.Por vezes vemos famílias pobres nesse aspecto,e sinto pena.Nós pais e mães e até irmãos de crianças diferentes temos uma missão,tornar o mundo melhor para eles,e aprendermos com eles,a sermos muito felizes com um gesto,um sorriso,um abraço...beijinho Dulce.

Anónimo disse...

O JP é um menino especial que tem uma mãe muito especial.

beijinhos
http://blogs.clubedospais.pt/ccsantos

Nea e Arthur disse...

Oi minha amiga,passei por momentos difíceis por não conseguir aceitar a condição do meu filho,nunca deixei de amá-lo mas não o amava como merecia e foi quando a conheci que tudo realmente mudou e vc sabe disso.Vi que tbm podia ser feliz com meu menino "diferente",seu olhar é lindo,suas mãos tão delicadas e rápidas ao mesmo tempo...aprendi com ele coisas que jamais aprenderia com outra pessoa que não tivesse as dificuldades que ele tem!
O amo mais que tudo!!!!!!!!!!!!!


Beijos amiga linda e mãe Maravilhosa!!!!!!

CláudiaMG disse...

Infelizmente ninguém no mundo está preparado para receber uma realidade diferente do habitual, do que é normal e do que é espectável.
Dói muito....o primeiro embate de uma realidade diferente não é fácil, não se está preparado nem ensinado e como tal precisamos de tempo para nos refazermos.
E esse tempo é tempo de aprendizagem, de nos renovarmos e de ganharmos energias para lutarmos.

Beijinhos

Maria disse...

Para pessoas como você só consigo ter uma grande admiração. Tem muita sorte em ter o JP e ele tem muita sorte em ter uma mãe assim.