terça-feira, março 30, 2010

Reunião na escola - III

Sobre comportamento e maturidade, relatou-me um episódio engraçado. Uma manhã recente e resultado da preparação das reuniões, a turma estava agitada, desorganizada e a Carla decidiu fazer um discurso para toda a turma, dizendo que estava triste pela forma como se estavam a comportar. O JP veio em sua defesa, ralhando com a turma. É fácil perceber quando ele se revolta com alguém. Naquele dia revoltou-se com toda a turma, defendendo a professora....que cromo, este miúdo !!!
Eu conheço-o o suficiente para saber que apesar de gostar de uma traquinice bem feita, é respeitador e tem muita preocupação com os sentimentos dos outros.
Continua a fazer pressão para que seja a sua auxiliar Lena (que adora) a dar-lhe a comida. É daquelas mimalhices que não ando mesmo a conseguir dar a volta.
Ficarei com um portfólio das atividades desenvolvidas, conhecimentos e registo deste ano letivo, repleto de imagens e escrito em também em SPC.
Depois de todo este trabalho desenvolvido é com muita dor que o retiro daquela sala e do colégio. Já assim tínhamos delineado. Assim será...mesmo que com medo. Ainda temos algumas semanas pela frente, mas posso dizer que o JP pode ter dado um "grande salto" pelo meu maior acompanhamento, mas sem dúvida que por este ambiente escolar também.
É certo que, no próximo ano, mesmo em pré-escolar, o computador do JP terá de estar sempre presente, assim como os programas de escrita, porque não vamos parar este desenvolvimento emergente.
Não conheci muitas educadoras. Mas perguntar-me-ei quantas estarão a este nível ?
Uma educadora dinâmica, apaixonada pelo que faz e apesar da inexperiência neste campo, mostra que supera a prova com distinção. Ainda não conheci nenhum pai que não a elogiasse. A Nuttac também é fã dela !
Pena ter sido só este ano, mas pelo menos ensinou-me que é possível incluir totalmente.
Nisto tudo ainda há algo mais que também é positivo. A Carla aumentou, em muito, o meu nível de exigência. Não me digam que não dá para incluir, fazer todas as atividades, ou motivar um menino como JP e fazê-lo sentir-se realizado com as limitações que tem. Isso não vou aceitar ouvir. Não, depois de perceber que é possível, desde que haja competência, vontade e empenhamento.
Tantas vezes os nomes dos bons médicos são conhecidos por aí...um dia talvez o das boas educadoras também. Afinal, não se pode atribuir menos importância a alguém que intervém nestes preciosos primeiros anos, desenvolvendo competências, quase sempre através de muita brincadeira e incutindo-nos ritmos de trabalho e responsabilidade para o resto da vida, pois não ? Se a educação que os pais dão é importante, os educadores têm uma formação que permite, em conjunto com a família, potencializar todas as capacidades das crianças.
Sinto que é isso que está acontecer. Viemos muito contentes com este "relatório". Good Job !
PS: Tinha prometido a mim mesma não emitir opiniões enquanto ele fosse aluno dela, mas não não creio que haja alterações de comportamento. E é-me irresistível fazer este post.

10 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito de ler este post!Assim, vale a pena ter um filho no ensino regular, com pessoas que se empenham e puxam por ele! No meu tempo não era assim...Tão engraçado a defender a professora. Ele vai ser um grande rapaz! Esta postura de exigência com ele próprio e até com os outros, vai ajuda-lo para toda a vida.
Boa Páscoa! Beijinhos. Joana

Dulce Bregas disse...

A melhor das terapias,é sem dúvida uma boa turma,numa boa escola com uma boa Educadora!As espectativas são muitas,mas quando são superadas é excelente!E ao ver os nossos meninos a evoluir...sentimo-nos gratas à Educadora,auxiliares...Que tudo corra bem na nova escola do JP é o que espero!E vai correr!Beijinhos!

Mina disse...

Quando se diz mal de tanta coisa, que de facto está mal...
Porque, não dizer bem daquilo que está bem e os bons profissionais, merecem ser elogiados´, sem que isso seja uma especíe de "graxa"...
Porque até se vê nos resultados e o desenvolvimento das crianças.
"Secalhar estaria na altura de se fazer uma escolha vocacional da profissão"!...(isto é só um áparte)
bjocas

Grilinha disse...

Joana...este momento ainda está no particular....

Anónimo disse...

Sim, mas está numa classe com professoras e crianças que puxam por ele. Foi isso que quis dizer, independentemente, se anda no público ou no privado :)
Beijinho

Unknown disse...

Olá!

Meu nome é Cris e quero compartilhar uma notícia muito importante para as pessoas envolvidas com a questão do autismo! http://bit.ly/bMkYx9

Vale a pena ler e divulgar!

Um grande abraço!

Cris Santos

Leoinha disse...

Olá Grilinha!

Gostei destes teus ultimos posts, estão cheio de boas coisas e espero que estejas melhor (pelo menos psicológicamente pareces mais animada :)).
Há educadoras que são simplesmente um amor e infelizmente não são todas assim, isto independentemente de ser privado ou não.
E o JP é mesmo um tesouro de menino, tão giro vir em defesa da profesora!
Espero que para o ano a integração continue e que a turma tenha a mesma atitude para com ele, é que o JP está tão habituado aos seus colegas que o envolvem em quase todos os projectos (pelo que tenho lido aqui) que terás de alguma forma tentar manter esse ambiente falando com a próxima educadora. Esperemos que seja das boas!!! E tens razão, estes primeiros anos são muito importantes para eles, marcam.

Bjs,
Leo

Cristina disse...

Que educadora fixe... :)

Anónimo disse...

Olá amiga depois do que descreveste imagino o quanto seja complicado para vós o ter de mudar de escola.
Eu ficaria com o coração nas mãos pensar que ele está tão bem integrado, com uma Educadora fantástica que consegui apesar da sua pouca experiência com meninos especiais fazer melhor trabalho do que muitas com experiência, mas no entanto sei que tem de ser mesmo.
Também eu daqui a 2 anos irei deparar-me com o mesmo problema...enfim, infelizmente para nós só no estatal conseguimos ter todos os apoios necessários.

Beijinhos
CláudiaR

ana disse...

É sempre um susto a mudança de escola (a minha filha já mudou 4 vezes).Só queria dizer-lhe que no meu caso a opção pelo ensino oficial foi a melhor opção, uma professora do regular fantástica e uma primeira professora e educação especial muito boa e as seguintes fracas mas é sobretudo importante apostar na professora do regular - é a professora de todos!!!!

Há experiências péssimas mas também há escolas fantásticas e é dessas que aqui lhe queria dar notícias.

Um abraço

Ana Luísa (nota: a minha filha tem paralisia cerebral e entrou este ano para o 5º ano)